Quando o cosplay também faz o bem



Durante grande parte do dia ele é um advogado. Mas em certos momentos eles se transforma num herói. Talvez você tenha pensado em Matt Murdock, que as noites veste o manto de Demolidor para fazer justiça nas ruas de Hell's Kitchen. Mas na verdade estamos falando de um personagem muito mais mundano, chamado Tiago Dreyer.

Tiago é um cosplayer de Novo Hamburgo (RS) que sempre está presente nos eventos geek, encarnando seus personagens favoritos. Capitão América e Batman são as principais escolhas, mas as vezes rola um Asa Noturna ou um Lanterne Verde.

Mas o hobby do advogado acabou virando um trabalho superbacana. Tiago costuma se fantasiar de Capitão América e visitar escolas da região, fazendo uma pequena palestra para os pequenos sobre bom comportamento, alimentação saudável, respeito aos mais velhos e por aí vai. É claro, tudo com uma boa dose de heroísmo, com direito a demostrações da superforça do Capitão América.



Aproveitamos o espaço para fazer algumas perguntas ao Capitão América com um grande coração:

SuperVault: Tiago, quando você entrou no mundo do cosplay?

Tiago: Foi em 2010 que estreei meu primeiro cosplay, do Capitão América. Conheci uma costureira fantástica de Montenegro, muito habilidosa, e a partir daí levei minha paixão pelo tema super-heróis também para este caminho. É uma grande satisfação sair um pouco do cotidiano e encorporar os personagens que fazem parte da minha vida desde a infância.

SV: E o trabalho nas escolas. Como começou?

Tiago: Em 2011 uma amiga professora do ensino fundamental me convidou para participar de um projeto com seus alunos. O objetivo era usar o modelo do super-herói, com o qual as crianças se identificam com muita facilidade, para auxiliar na sua educação, tratando de questões básicas, mas fundamentais para a formação do ser humano. Respeito aos colegas, aos pais e professores, não usar da violência, cumprir suas tarefas, se alimentar bem… estes eram os temas essenciais. A ideia foi da minha amiga, mas me orgulho em dizer que eu mesmo criei a abordagem a ser utilizada, que essencialmente foi comparar os professores e pais a super-heróis e dizer que as próprias crianças podiam se super-heróis, se agissem corretamente.

De lá para cá, vários convites surgiram para visitar outras escolas. Pais e professores que souberam do projeto me convidaram a repetir a dose, e desde então venho realizando este trabalho. Transformei meu entretenimento em algo positivo, um trabalho voluntário que, quero crer, contribui para a sociedade.

SV: E você só visita escolas? Ou teve outros trabalhos?

Tiago: Já participei de trabalhos junto a AMO Criança, a Associação de Assistência em Oncopediatria de Novo Hamburgo - RS. Certa vez, a entidade realizou um belo evento para o dia das crianças, e o Capitão América estava lá, conversando e posando para fotos com os pequenos. Embora eu trabalhe principalmente junto às escolas, não recuso outros convites, desde que a agenda permita.



SV: O que você apresenta aos pequenos nos encontros?

Tiago: O foco dos encontros é sempre a educação, mas considero fundamental que os alunos se divirtam e, principalmente, se convençam de estar diante do verdadeiro Capitão América. Para isso, lanço mão de algumas “cartas na manga”. Por exemplo, quando falo da importância da boa alimentação e do exercício, convido algumas crianças para serem levantados até o teto, utilizando apenas um dos meus braços. Obviamente que, depois, todas querem ser levantadas, oportunidade para abordar a importância da organização e da ordem. Os pequenos precisam se pôr em fila e aguardar a sua vez. Noutra ocasião, numa escola com currículo bilingue, comecei o encontro falando em inglês com as crianças, e depois passei para o português, justificando que o estudo de línguas foi fundamental para o Capitão América durante a Segunda Guerra Mundial, pois assim ele podia se comunicar com qualquer soldado que encontrasse, de que país fosse. Além disso há, é claro, o uniforme e o escudo, feitos para serem o mais fiéis possível ao personagem, o que sempre impressiona bastante.

Não seria exagero dizer que há uma boa dose de atuação, e as exibições ajudam a convencer até as crianças mais céticas de que elas estão diante do verdadeiro Capitão América. E por que não? Eu mesmo me sinto o verdadeiro herói nestas ocasiões.

SV: E qual e reação da criançada quando você entra na sala?

Tiago: Bocas abertas e olhos arregalados são regra; num primeiro momento, as crianças nem sabem como reagir. Depois que eu “quebro o gelo”, elas geralmente têm dificuldade em se manter em silêncio e sentadas, todas falando ao mesmo tempo e pedindo para tocar no escudo. Nessa hora, aproveito para tratar da importância da concentração e da disciplina, de esperar a vez para falar e escutar em silêncio. Elas obedecem, é claro, mas tenho que ser bem insistente neste ponto, com a ajuda das professoras, pois os pequenos mal conseguem controlar a excitação. Ao final, muitos abraços e manifestações de carinho.

Importante comentar que o espanto e a diversão não são só dos alunos. Os professores das turmas também se encantam com a presença do Capitão América. Não raro, professores e alunos de outras turmas e outros funcionários das escolas dão uma passadinha para conferir a visita do Super-Herói.



SV: Se alguma escola estiver interessado na sua visita, como podem entrar em contato?

Tiago: Infelizmente, o trabalho ocupa bastante o meu tempo, a ponto de não poder visitar escolas com a frequência que gostaria. Porém, os pais e professores podem me localizar pelo Facebook, deixando uma mensagem. Sempre respondo todos os contatos que recebo, e me empenho ao máximo para encontrar um tempinho na agenda. Afinal, a Sentinela da Liberdade está sempre pronta para fazer o bem.

Bacana o trabalho dele, não é mesmo?
P.S. Além de cosplayer, Tiago é irmão deste que os fala.
Quando o cosplay também faz o bem Quando o cosplay também faz o bem Reviewed by Daniel Rost Dreyer on setembro 01, 2015 Rating: 5

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